Cotoveladas

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

É de ler!

OS PAIS E A ESCOLA
Há uma confusão de papéis que está (desde há vários anos) a minar o processo de ensino: o papel dos pais. Quando alguém refere que os pais devem "participar no processo educativo", está na verdade a dizer "ensinem os vossos filhos a serem pessoas, que os professores providenciarão outras competências. O que está a acontecer, na prática, é que grupos de pessoas que não têm mais nada que fazer passaram a entrar nas escolas, a pôr e dispôr e infernizar o já duro trabalho dos professores, com o consentimento apático, quando não a aprovação do Ministério da Educação. Casos aberrantes, como de pais que metem processos a professores que, detectando deficiências mentais, óbvias, em alunos, os tentam colocar em aulas com apoio acontecem. O problema é quando, por exemplo, no interior, um pai toma o reconhecimento da deficiência como um "fracasso" seu e age vingativamente contra o mensageiro.Outros casos são mais simples e têm a ver com comportamentos marginais no interior dos recintos. Professores assistem à formação de gangs de adolescentes ociosos e desresponsabilizidados sem que possam fazer nada.As associações de pais, são um lóbi crescente que serve os interesses dos vários governos. Basta olhar para o Orçamento de Estado para se ter uma noção da fatia que a Educação toma. Cortar na verba dispendida com os professores (era interessante analisar a percentagem gasta com funcionários do ministério de pessoal administrativo e de não-limpeza/não-guarda de putos das escolas...), aproveitando ainda para se vingar de uma classe que os chateou lá atrás, psicanaliticamente falando, é ouro sobre azul. Nunca ouço grupos de pais a dizerem que se estão a organizar para "ir trabalhar nas actividades extra-curriculares", por exemplo. Seria interessante, já que se empenham tanto...Estamos a criar uma nação de iletrados, inúteis e marginais. E enfiar pais que não educam em casa mas que sabem imiscuir-se ignorantemente nas escolas, não vai ajudar.
Possidónio Cachapa

Tomei a liberdade de colocar aqui o texto para o qual fui chamada à atenção pela T-shelf. Vale a pena ler pela verdade que se diz e que parece ninguém querer admitir. Nem os profs. que "habitam" as escolas e levam diariamente com estas intromissões na vida profissional e ainda sorriem a seguir. A falta de respeito, de autonomia e autoridade está de tal forma enraizada que já aceitamos tudo o que nos impõem sem um "pio".
Ainda hoje me questionei sobre o papel do pai na reunião intercalar em que participei. Calado, tirando notas num caderno e ouvindo todo o processo de uma reunião de professores: notas de testes, avaliação dos alunos, comentários, programas e descrições de aulas e pedagogias, etc e tal. E perguntei-me: Porquê? Está a tirar notas de quê? O que é que ele percebe disto?
Pois é, nada de nada. Mas não interessa! O facto é que está lá, para depois ir comentar com tudo o que é vizinho que o prof. y disse que o menino x não sabia ler ou escrever.
Eu não entendo o que poderia eu fazer numa reunião de bancários, médicos, enfermeiros, juízes ou qualquer outro tipo de actividade que não fosse a minha. Qual o motivo? Porque presta um serviço às pessoas, eu, como alvo directo dos seus préstimos, imiscuo-me e participo nas suas reuniões técnicas e profissionais? E ainda mando as minhas ignorantes opiniões?
Por favor! Isto só acontece no ensino porque os profs. são de facto uma não classe, sem classse alguma, onde cada um só zela por si próprio e não há consciência profissional absolutamente nenhuma. Só assim podemos deixar-nos f**** desta maneira.

3 Comments:

  • Snail, como diria também uma amiga nossa: "coração ao largo!"
    Beijinhos.

    By Blogger Cotovia, at 11:28 da tarde  

  • Pois é, e pensar que muitos encarregados de educação não têm a menor vocação para o ser, quer por extrema negligência, quer por ridículo excesso de zelo, ao imiscuir-se no trabalho dos professores e educadores.
    E tens toda a razão, fosse a nossa uma classe unida, a coisa não estava assim.
    E, como lembrou a Cotovia e eu,inspirada pela minha mãe, digo: "coração ao largo"! Ou então não. Há que provavelmente tomar uma atitude e procurar mudar o sistema.
    Beijinhos.

    By Blogger Carla Motah, at 9:19 da manhã  

  • Por enquanto é mesmo só coração ao largo porque não me parece que a situação mude brevemente. Mas há que haver a reacção e resistência para tentar mudar o sistema claro! Beijinhos

    By Blogger t-shelf, at 10:48 da manhã  

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