Avó

Queria contar-te tantas coisas…
Sabes,
continuo com medo dos trovões,
mas nunca mais ouvi a oração a Santa Bárbara…
Às vezes, pela manhã, ouço o amolador que anuncia a chuva
e tento lembrar-me do nome que lhe davas,
mas é em vão… (Devia tê-lo escrito).
A receita das castanhas escrevi-a,
contudo talvez me tenha esquecido de algum ingrediente,
pois nunca, mas nunca, ficam iguais às tuas.
Sabes,
agora, é, outra vez, o tempo das castanhas…
Lembro-me do cabelo branco que tentavas esconder
(Nunca percebi muito bem porquê);
das tuas mãos ásperas e fortes que cheiravam a canela e a erva doce,
das tuas rugas, a mais encantadora maquilhagem imposta pelo tempo,
e tenho saudades…
Tenho saudades do teu amor incondicional
e, como avó, a incondicionalidade do teu amor era a dobrar.
Quando me sentava contigo, os fios do tempo pareciam enredar-se
nas inúmeras histórias que me contavas
e ele parava.
Mas, depois, não parou…
E fiquei com tantas coisas para te contar…
Novembro é sempre um mês triste e às vezes tiro para fora alguns caixotes de memórias; hoje, era o dia do seu aniversário.
11 Comments:
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Snail, at 9:59 da tarde
Sem palavras!!! A comoção roubou-me os possíveis comentários. Em todo o caso, qq palavra não chegaria nem aos calcanhares da emoção que senti ao ler o teu texto. Bjs
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Snail, at 9:59 da tarde
Bonitas palavras para uma avó que se comoverá com certeza, onde quer que esteja.
Beijinhos
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Carla Motah, at 10:15 da tarde
Vieram-me as lagrimas aos olhos quando li o teu texto, talvez porque a minha ferida ainda esta bem aberta...
Adorei o teu texto e achei uma maneira lindissima de homenagear uma das pessoas mais importantes da nossa vida. As recordacoes sao definitivamente o melhor que temos.
Fica bem amiguinha e um beijinho muito grande
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Anónimo, at 1:35 da tarde
Perante a enormidade do teu texto pus-me a chorar. Chorei porque também o sinto, porque as minhas queridas avós também me levam a uma enormidade de emoções, porque as recordações me fazem sentir uma saudade sem fim.
Perante a enormidade do teu texto, contentor de sentimentos que me são tão familiares, ornado por uma escrita sublime, chorei também de alegria por conhecer autora tão pura.
Obrigada por seres.
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Anónimo, at 4:11 da tarde
Um beijinho.
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Pantera Cor-de-Rosa, at 8:19 da tarde
Também me lembro sempre da minha avó materna quando troveja...Também houve indícios de chuva nos meus olhos ao ler este texto de amor. beijinhos doces
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t-shelf, at 11:01 da tarde
Li outra vez o texto e voltei a pensar (mais uma) na minha avó materna, a primeira que perdi, já lá vão 16 anos, e aquela que mais me custou perder. Ainda por cima a imagem fez-me lembrar aquilo que ela me dizia sempre que me via: "Ó minha rosa branca!" Linda, linda, linda!
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Carla Motah, at 10:32 da manhã
Lembrei-me das saudades que tenho da minha avó. Ela também me ensinou a oração de Santa Bárbara e recebia-me sempre com um belíssimo "minha querida a avó tinha tantas saudades tuas", mesmo que tivesse estado comigo no dia anterior. Tenho saudades de ir com ela para a Ericeira, todas as manhãs, pq lhe fazia bem apanhar o ar do mar e ficávamos ali as duas a conversar. Beijinhos para todas
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Anónimo, at 5:25 da tarde
Desculpem mas também sinto muita falta do meu avô. Beijos
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Anónimo, at 5:50 da tarde
Beijinhos a todas.
Neutro, quem és tu?
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Cotovia, at 10:06 da manhã
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